Impeachment chega à Câmara fundamentado

Favari Filho

Juristas, deputados e representantes de movimentos populares protocolaram na última quinta-feira (17), na Câmara dos Deputados, um complemento ao principal pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), formulado pelo fundador do PT Hélio Bicudo. O documento recebeu adaptações feitas pelo jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior e foi entregue em mãos ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB).

Pedido de afastamento protocolado na Câmara pode significar o apeamento de Dilma Rousseff do cargo de presidente Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

O ato de entrega do pedido de impedimento da petista aconteceu no gabinete de Cunha – normalmente os documentos são protocolados na Secretaria-Geral da Casa de Leis – e aponta a “crise moral” no País, além de afirmar que a Operação Lava-Jato revelou um “descalabro” na Petrobras e de dar indícios de crimes de responsabilidade que teriam sido praticados por Dilma – como as pedaladas fiscais – e por não ter demitido subordinados envolvidos no Petrolão e no Eletrolão.

Depois que recebeu o documento, o peemedebista não estipulou prazo para analisar a matéria, contudo cabe ao presidente decidir o destino do processo, ou seja, se é arquivado – o que ainda vale recurso – ou se é deferido e analisado em plenário. Para falar sobre o atual momento em que o afastamento passa do plano das ideias para o plano das ações, a reportagem procurou dois vereadores do Legislativo da Cidade Azul para discorrer sobre o fato; Agnelo Matos (PT) e Juninho da Padaria (DEM).

Agnelo esclareceu que a movimentação na Câmara dos Deputados precisa ser analisada com cautela, porém revelou que o processo todo é político e inteiramente organizado pela oposição. “A decisão de Eduardo Cunha sobre o que fazer com o pedido é muito difícil de analisar; não tem como saber o que pode acontecer.” O petista expôs também que o governo tem coragem para enfrentar o problema e disse ter convicção de que o impeachment não vai acontecer, pois “o governo tem o suporte de uma base sólida”.

Quanto à situação econômica do País, Agnelo lembrou que a crise não acontece apenas no Brasil, mas em diversos lugares do mundo, portanto seria necessário, segundo o vereador, “realizar uma análise comparativa de como era antes dos governos petistas para que sejam constatados os muitos avanços obtidos pelos brasileiros em todas as áreas, principalmente na social”, enfatizou.

Já Juninho acredita que o processo será aberto e tramitará na Casa facilmente, pois os deputados podem levar em conta o fato de que, diante do pouco tempo que a presidente exerce a função, já há uma demonstração muito grande de insatisfação em todo o País. “A população não está contente com a corrupção, com o aumento de impostos e, caso continue no cargo, a situação vai ficar ainda mais difícil.”

Sobre os possíveis danos causados à estrutura política devido a um processo de afastamento, o democrata pondera: “A gente sabe que o impeachment não é bom para o País e nem para ninguém, mas é uma ferramenta que deve ser usada em casos de urgência. E é um caso de urgência, pois há um descontrole no governo; na atual conjuntura, seria menos pior o afastamento de Dilma Rousseff do que a sua permanência na Presidência da República”, finalizou.

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