Guerra de facções em Rio Claro: o que dizem autoridades policiais do município

Foto: Reprodução/Câmeras de Segurança

Taxa de homicídios no município é três vezes maior que a média estadual. Polícia Civil e Polícia Militar, através do seccional e comandante, avaliam situação

Ao longo dos últimos anos as páginas do Jornal Cidade, na editoria de segurança, vêm mostrando o alto número de homicídios e a guerra violenta que ocorre entre facções no município de Rio Claro. Com dados relevantes divulgados mensalmente pela Secretaria Estadual da Segurança Pública, as notícias mostram o agravamento da questão, sobretudo neste ano, quando a cidade registra até o mês de outubro 24 mortes violentas.

Nos últimos dias, o assunto também reverberou na imprensa nacional diante da violência na cidade. A taxa de homicídios em Rio Claro, quando calculado por a cada 100 mil habitantes, é quase três vezes maior que média estadual. Na quinta-feira (13), os titulares das duas maiores forças de segurança no município, a Polícia Militar e Polícia Civil, estiveram no Grupo JC de Comunicação para falar sobre o trabalho ostensivo realizado, ainda, sobre a onda violenta entre facções.

Paulo Hadich, delegado seccional de Rio Claro

Paulo Hadich, delegado seccional de Rio Claro

“Rio Claro historicamente tem um número de homicídios elevados. Culturalmente as pessoas ‘se resolvem’ de forma violenta. Isso vem desde a década de 1980, não começou agora. Em outras localidades tem uma ‘hegemonia’ no crime organizado, que ele consegue estabelecer um ‘clima de paz’ dentro da sua atuação em determinada região. Se observado, mostra-se diminuição de homicídios no Estado de SP ao longo dos anos, muito em função da diminuição dos conflitos no ambiente criminoso. Em Rio Claro, esse grupo hegemônico nunca houve. Sempre há alguém em que a Polícia Civil ou PM está tirando de circulação e outro assume esse papel, e alguém quer tirá-lo do local, vem e mata. Essa disputa por espaço de poder é histórica na nossa cidade. Ao pegar os números de Rio Claro (outros crimes como furto, roubo, estupro, etc), são muito baixos comparados com outros municípios. Mas temos essa disputa entre criminosos e é este item que faz com que aumentem os números. Temos prendido muita gente, aumentamos nosso mapeamento, trocado muitas informações entre as forças de segurança. Isso vai causar reflexo a curto prazo, mas só é possível reduzir fazendo investigações e prisões. Nosso índice de esclarecimento de crimes é muito elevado”, afirma.

Tenente-Coronel PM Peixoto

Tenente-Coronel PM Peixoto

“Temos trabalhado bastante, não procuramos o confronto, quem decide se quer confronto é o outro lado. Temos ampliado a Força Tática, nosso Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) está aqui em Piracicaba, o Coronel Sabino tem dado uma atenção especial para a cidade. Acredito que, assim como o Dr. Hadich falou, em breve vamos ter índices menores, tenho certeza disso, com apoio de todos, da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Guarda Civil Municipal, Ministério Público e Judiciário. É uma união que precisa ser consolidada e está sendo. (…) Temos aumentado o número de viaturas nas ruas, agora principalmente para o final do ano, pretendemos colocar um efetivo ainda maior do que já tivemos em outros anos. Vamos fazer uma tomada de terreno, com viaturas, para dar o máximo de segurança às pessoas”, complementa.

Entrevista à radio Jovem Pan News Rio Claro

Em entrevista à rádio Jovem Pan News Rio Claro, o delegado seccional da Polícia Civil, Paulo Hadich, e o comandante do 37º Batalhão da Polícia Militar, coronel Peixoto, falam sobre reforço da segurança em Rio Claro, que já apesenta resultados positivos, e sobre as disputas entre organizações criminosas no município. Assista abaixo na íntegra.

Lucas Calore: