Epidemia: Saúde não contabiliza os casos não oficiais de dengue

Antonio Archangelo

Imagem da circular fotografada dentro de uma unidade de saúde de Rio Claro relacionada aos exames de sangue

Enquanto a Fundação de Saúde se prepara para divulgar novos casos de dengue na cidade nesta sexta-feira (06), a população vê desconfiada o número de casos. Em unidades de Saúde, as quais a reportagem do JC percorreu, a estimativa é que os casos de dengue sejam até dez vezes maior que o divulgado.

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“Cerca de 40 pacientes por dia apresentam sintomas de dengue e como não podemos fazer o diagnóstico até o terceiro dia, eles voltam para a casa”, citou o médico da rede particular que não quis se identificar. “Cerca de 12% de meus funcionários estão com dengue, proporcionalmente isso ultrapassaria o número de 20 mil casos na cidade”, mencionou um empresário a reportagem. “Não tem um rio-clarense que não tenha alguém na família, no quarteirão, trabalho ou conhecido com a doença. Este número divulgado não é real”, citou um munícipe que aguardava atendimento.

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“Os casos oficiais não contam os doentes que se trataram em casa e que fugiram da burocracia dos atendimentos”, mencionou uma médica da rede pública de saúde. Para a Fundação de Saúde, a Vigilância Epidemiológica recebe as notificações de todos os organismos de saúde do município -público e privado – que têm o dever de encaminhar essa documentação para controle. Mediante esses documentos comprobatórios é que se chega ao número oficial. ‘A V.E. não pode construir números sem a devida comprovação’, alega em nota oficial encaminhada ao Jornal Cidade.

“A grande maioria dos casos é de procedência interna, ou seja, do próprio município. A V.E. tem 1.800 casos confirmados e muitos outros suspeitos, o que não significa dengue comprovada. Pode ser algum tipo de virose ou estado gripal” menciona. “No primeiro dia de atendimento da Central de Triagem e Hidratação foram recebidas 240 pessoas com sintomas ou já diagnosticadas com dengue”, concluiu a nota.

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Cabe lembrar que recentemente uma circular relacionada a realização de exames de sangue na rede pública motivou polêmica, inclusive na Câmara Municipal. “Muitos dos pacientes procuraram a rede pública para fazer exame relacionado a dengue e voltaram para casa, por orientação dos enfermeiros e médicos já que o exame não poderia ser feito antes do terceiro dia de sintoma”, citou o vereador Juninho da Padaria (DEM) que levou o caso a tribuna da Casa. O vereador protocolou ofício nos hospitais privados com objetivo de informar quantos casos de dengue foram registrados na cidade. “Estão colocando panos quentes em cima ou não? Custa nove reais o exame e a prefeitura poderia compra-los”, declara.

“Uma das questões é o exame de sangue, 50 mil é o mínimo de plaquetas no sangue, abaixo disso é quadro crítico. É o único mecanismo para amparar neste diagnóstico”, conclui médico da unidade de saúde do Pronto Atendimento do Cervezão. A Fundação alega que segue as orientações do protocolo do Ministério da Saúde sobre a dengue.

Redação JC: