Pesquisador da UNESP de Rio Claro participa de projeto internacional que antecipa em 700 mil anos a saída dos primeiros humanos da África — achado pode reescrever os livros de história
Uma descoberta científica de impacto global pode mudar o que conhecemos sobre a origem e dispersão dos hominídeos no planeta. O professor doutor Giancarlo Scardia, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP de Rio Claro, é um dos integrantes do projeto internacional que identificou evidências de que os primeiros hominídeos deixaram a África cerca de 2,5 milhões de anos atrás — quase 700 mil anos antes do que se pensava até então.
Expedições na Jordânia revelam fósseis e ferramentas
As investigações ocorrem no deserto da Jordânia, onde, desde os anos 1980, pesquisadores vinham encontrando ferramentas líticas. A pesquisa ganhou fôlego a partir de 2013, com uma expedição brasileira liderada pelo professor Valter Neves (USP). “A presença de fósseis de mamutes e ferramentas de pedra no deserto nos levou a questionar: o que estariam fazendo ali?”, comenta Scardia.
Tecnologia primitiva, inteligência avançada
A descoberta mostra que os primeiros hominídeos já apresentavam notável capacidade de adaptação, mesmo sem mochilas, roupas ou instrumentos modernos. “Eles reconheciam rochas úteis, produziam ferramentas e já dominavam conceitos como simetria. Isso demonstra que já havia pensamento abstrato há mais de 2 milhões de anos”, explica o professor.
Documentário e exposição aproximam ciência do público
As descobertas estão sendo documentadas em vídeo pela cineasta Carla Nascimento na série “O Lugar Antes de Mim”, que terá um episódio exclusivo sobre a expedição na Jordânia. Um teaser de dois minutos já está disponível no YouTube, e o episódio completo deve ser lançado em 2026.
Enquanto isso, uma exposição com peças arqueológicas originais da Jordânia está em cartaz em Curitiba, com previsão de vir para Rio Claro (SP) em setembro, em parceria com a UNESP e a prefeitura. Segundo Scardia, “são peças autênticas, com até 2 milhões de anos, que revelam a engenhosidade dos primeiros humanos”.