CP contra Moisés: veja o que diz equipe médica

Oitiva tem relatos de que vereador estaria constrangendo médicos e funcionários

A primeira oitiva para depoimentos na Comissão Processante (CP) que investiga o vereador Moisés Marques (PL) por suposta quebra de decoro parlamentar ocorreu nessa sexta-feira (12) no plenário da Câmara Municipal. Nesta primeira audiência participaram as testemunhas de acusação para depor no processo que pode levar à cassação do mandato do parlamentar.

Estiveram presentes os médicos Rafael Pavezzi Garcia, Ricardo Badra e Marcelo Eduardo Ferrarini. Além deles, Bruna de Oliveira, chefe de seção de gestão da UPA do Cervezão. Gabriel Bagnoli Bonfim, Felipe Sberci Frozzoni e Jean Felipe Cortizas Boldori, apesar de convocados, não apareceram. As testemunhas responderam aos questionamentos dos advogados Felipe Falcão – que representa a denunciante Luisa Ceriani – e Marcelo Diniz, que faz a defesa do vereador Moisés.

O primeiro a falar foi Marcelo Ferrarini, que também é diretor na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Avenida 29. Segundo respondeu, ele recebeu queixas da equipe médica sobre a presença de Moisés no local – apesar de entender que é prerrogativa de qualquer vereador fiscalizar. O problema, disse, é a maneira que isso ocorre e que ele precisaria de autorização para entrar em ala de observação.

“Dos médicos, inclusive, dos pediatras. Duas vezes eu fui até a UPA, fora do meu horário, por que os pediatras haviam me chamado. A presença dele, a forma da abordagem com o médico. Agressiva não, mas haviam os pediatras atendendo, tinha o fluxo, e ele [Moisés] adentrando com mães e crianças nas portas dos pediatras”, relatou, explicando a escala de prioridades de atendimentos, entre outros assuntos, como as fichas dos prontuários que teriam sido manuseadas pelo vereador.

Em seguida Rafael Garcia, médico e diretor de Atenção à Saúde, prestou depoimento. Este momento teve certa tensão e embate – já que na quinta-feira Moisés publicou vídeo contra o médico nas redes sociais o acusando de ser aliado político do prefeito Gustavo. Garcia foi quem denunciou Moisés ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de SP), órgão que também acionou a Câmara contra o parlamentar.

Garcia alegou que Moisés pega pacientes e os coloca na frente dos consultórios dos médicos para pressioná-los a alterar fila de atendimento e triagem o que, segundo ele, é infringir o Código de Ética Médica. “Pode passar uma pessoa com dor nas costas na frente de uma que está com infarto”, alega. O médico diz que o vereador faz com frequência a iniciativa de passar crianças, entrar em salas de emergência ou observação, que podem ser contagiosas.

Ricardo Badra, gerente da UPA do Cervezão, afirma que recebe relatos dos médicos sobre a presença de Moisés, que se sentem incomodados, mas que dialoga com o vereador para que ele não atrapalhe os atendimentos dos pacientes. Mas, que ele nunca avisa ou pede autorização para acessar o local. Diz que o vereador coloca pacientes na porta dos consultórios dos médicos, que se sentem coagidos e faz pacientes ficarem bravos. Afirma que ele fica na recepção, na frente dos consultórios e perto da ala de observação.

Por fim, Bruna de Oliveira, chefe de seção na unidade, diz que a equipe se sente coagida e pressionada. Repete que Moisés coloca pacientes na frente dos consultórios dos médicos criando desconforto. Que já adentrou na ala de observação e prejudica o sistema interno. “Esse movimento cria desconforto, se sentem mais pressionados. Não que ele não possa fazer, mas atrapalha a rotina”, conclui.

Na próxima sexta-feira (19), também às 11h, será a vez da oitiva das testemunhas de defesa de Moisés Marques, que serão questionados pelos advogados presentes. Acompanhe ao vivo novamente na página do Jornal Cidade de Rio Claro no Facebook.

Lucas Calore: