Caso Pesseghini será levado aos EUA

Laura Tesseti

Com o intuito de provar a inocência de Marcelo Pesseghini, a família do adolescente de 13 anos, que teria cometido suicídio após assassinar o pai, polícia militar, sua mãe, também policial militar, a avó materna e a tia-avó, em 5 de agosto de 2013, no bairro Vila Brasilândia, em São Paulo, junta forças para reabrir o caso na justiça brasileira e tenta levá-lo à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os familiares de Marcelo, que vivem em uma cidade no interior do Estado de São Paulo, pretendem, juntamente com a advogada criminalista Roselle A. Soglio, encaminhar laudos que apontam ter ocorrido uma manipulação nas imagens de um vídeo, utilizadas para apontar o adolescente como o responsável pela chacina. “O caso nunca foi encerrado, Marcelinho foi apontado como autor dos disparos e há cerca de um ano e meio fizemos um pedido de federalização do processo. Pedimos também para que o procurador-geral se manifeste sobre o caso e leve ao Supremo Tribunal Federal o caso, para que novamente esse processo seja revisto, mas diante da demora significativa do Ministério Público resolvemos buscar esse caminho”, explica a criminalista. Que segue. “Como me é permitido buscar todas as formas possíveis para a defesa, diante do cenário que é apresentado, a única coisa que consigo imaginar que possa ter um resultado e acredito piamente que terá é buscar um órgão internacional. Levaremos o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA). Além de um laudo, que aponta ter ocorrido manipulação no vídeo que foi usado para encerrar o caso e apontar Marcelinho como autor da chacina, juntaremos todas as provas que temos sobre o caso e as enviaremos também”, conta Roselle A. Soglio.

FALTA DE FRAMES

Defesa encaminhou vídeo para peritos da Universidade da Califórnia

De acordo com advogada Roselle A. Soglio, que representa a família de Marcelinho, vídeos foram modificados e faltam cerca de dez cenas no material

A advogada Roselle A. Soglio, com especialização em Direito Penal e Direito Processual Penal pela PUC/SP, mestre e doutoranda em História da Ciência pela PUC/SP, coordenadora do Curso de Pós-graduação em Perícias Criminais, especialista em Perícias Criminais, com atuação em grandes casos de repercussão nacional e internacional é quem cuida do caso de Marcelo Pesseghini. “Vamos mandar todo material que temos para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), inclusive o laudo que aponta a manipulação do vídeo onde Marcelinho aparece após a chacina. Esse vídeo não foi analisado pela perícia, não foi nem ao menos recolhido, sendo que diversas vezes esse pedido foi feito, mas negado”, conta a especialista.
Mas em busca de todos os artifícios para provar a inocência do menor, Roselle A. Soglio buscou ajuda fora do país. “Entrei em contato com profissionais da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e pedi para que fizessem uma análise do material. Sabemos que os recursos que possuem são altamente avançados e mostram um amplo domínio em softwares ligados ao assunto, que aqui no Brasil não temos. E através disso obtivemos um laudo que constata a falta de dez frames, como são chamados cada um dos quadros ou imagens fixas de um produto audiovisual, ou seja, esse vídeo passou por uma manipulação. Quem fez isso? Não sabemos, não estamos apontando nenhum órgão como o responsável, mas pelo que o perito especializado concluiu, o material foi modificado e o caso não pode ser encerrado sem que todas as provas – que são muitas – sejam investigadas”, explica.
A advogada fala ainda sobre a cena do crime, que não estava totalmente preservada e que muitas pessoas transitaram pelo local durante a ocorrência. “Precisamos de uma análise desse material novamente e acreditamos que agindo dessa maneira, tornando o caso de abrangência internacional, vamos conseguir”, finaliza.

Rio Claro

A família, exceto a tia-avó, foi sepultada no dia 6 de agosto de 2013, na cidade de Rio Claro, no Cemitério Parque das Palmeiras, pois os familiares possuíam vínculos com o município. Na ocasião, as cúpulas da Polícia Militar de São Paulo e de Rio Claro acompanharam todo o cortejo e a cerimônia de sepultamento da família no município. Imprensa não foi autorizada a participar.

 

Redação JC: