Denúncia com mais de 30 páginas traz acusações contra vereador por supostas invasões nas UPAs em pleno atendimento médico. Ele se defendeu
A Câmara Municipal aprovou na noite dessa segunda-feira (18) a abertura de uma investigação contra o vereador Moisés Marques (PL) através de Comissão Processante (CP) que pode levar à cassação do seu mandato. Segundo denúncia com mais de 30 páginas, a filha de uma paciente que estava internada na UPA do Cervezão, em quarto restrito feminino, alegou suposta invasão ao local pelo parlamentar para fins políticos e que gerou problemas para a idosa, que veio a falecer dias depois. A autora da denúncia é a munícipe Luiza Seriani, que protocolou o pedido de investigação ainda ontem antes da sessão por quebra de decoro parlamentar.
De acordo com a denunciante, a sua mãe encontrava-se internada na ala feminina de observação restrita da UPA quando Moisés teria entrado no local sem autorização da equipe médica causando constrangimento aos presentes, inclusive à idosa, que trajava roupas íntimas. Ao solicitar que o vereador não filmasse a ala, a denunciante alega que foi reprimida por Moisés que teria dito “me respeite, que sou autoridade”.
A mulher alega que se sentiu humilhada, bem como sua mãe – que chegou a chorar. Durante o período de internação, Moisés teria ido por três vezes ao local. Posteriormente, a idosa faleceu. O caso ocorreu em fevereiro deste ano. A denunciante afirma que o parlamentar tem o costume de ir às unidades de saúde filmar os atendimentos para publicar nas redes sociais sob o pretexto de fiscalização “quando se utiliza para fins políticos e midiáticos”, afirma Seriani.
A denunciante anexou, também, cópias de várias denúncias de profissionais de saúde à Fundação Municipal de Saúde contra o vereador – por situações semelhantes – e que se despuseram a depor. É o caso do médico Rafael Garcia, diretor de atenção à saúde da FMS, que relatou invasões sistemáticas às áreas restritas, filmagens não autorizadas, acesso indevido a prontuários e fichas, manipulação de fluxo de atendimento e intimidação de médicos, afrontando a Lei Geral de Proteção de Dados e o Conselho de Medicina.
Entre outros casos, citando demais servidores municipais, a denunciante alega haver abuso de poder de autoridade por parte de Moisés e quebra de decoro parlamentar. “O denunciado extrapola suas atribuições. Cria constrangimento e hostilidade em ambientes de saúde”, diz a munícipe. Várias cópias de denúncias na Ouvidoria do SUS também foram anexadas ao pedido de Comissão Processante. Também foi protocolado pedido para proibição de entrada do vereador nos locais restritos.
Votação
Após a leitura da extensa denúncia, a Câmara votou para sua abertura. Val Demarchi (PL), Sivaldo Faísca (PL), Tiemi Nevoeiro (Republicanos) e Rodrigo Guedes (União Brasil) votaram contra a abertura, mas a base governista presente foi toda a favor. Posteriormente, Hernani Leonhardt (MDB) foi eleito presidente da CP, Adriano La Torre (PP) foi eleito relator e Rafael Andreeta (Republicanos), que não estava presente, foi sorteado membro.
O que diz Moisés
No plenário, após a votação favorável à investigação, Moisés se manifestou. “O meu trabalho não vou parar. Fui eleito pelo povo, não pelo sistema. Este é um sistema que prejudica o município a todo o tempo. Sempre respeitei os médicos, mas quem trabalha não tem por que ficar preocupado comigo dentro da Saúde. A Fundação de Saúde eu trago tanto recurso e nada faz. É uma perseguição política para que eu pare? Isso não é de agora. É desde o início do meu mandato quando falaram que eu iria durar três meses. Vim pela população, vou continuar fazendo minhas fiscalizações. Aquilo que me permite fazer. A população me chama, sou pago por ela, não pelo médico. O que o prefeito quer? Monta um grupo e tira ele (Moisés). Vocês podem fazer o que quiser comigo aqui, quando eu vim falei que vim pró-população. O tempo do meu mandato, quem está a frente disso, é Cristo. Não as pessoas aqui de dentro que vai mudar isso. Querem se levantar, vão se levantar primeiro contra Cristo que me colocou aqui junto com a população. Vou continuar minhas fiscalizações. Nunca desrespeitei ninguém, sempre trabalhei. Vou continuar trabalhando incansavelmente”, declarou.