27 de Setembro conscientiza população sobre a doação de órgãos no Brasil

Em 27 de setembro, celebra-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data visa conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto. Apesar da ampliação da discussão do tema, trata-se de um assunto polêmico e de difícil entendimento, resultando em um alto índice de recusa familiar.

A Santa Casa de Misericórdia de Rio Claro, embora muitos não saibam, dispõe de uma CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante), que é presidida pelo nefrologista Dr. Ricardo Garcia. No município não são realizadas doações, mas a comissão é guiada pela Unicamp para identificar o potencial doador.

“A partir da identificação deste potencial doador, nós realizamos todo um protocolo e encaminhamos para a Unicamp, que analisará este paciente e, confirmado o potencial de doação e tendo a autorização da família, rodará a lista de transplantes para distribuir os órgãos”, explicou o nefrologista em recente entrevista à revista JC Magazine, edição de número 31.

A comissão atua basicamente dentro da UTI porque o potencial doador é aquele paciente que evoluiu para a morte encefálica, ou seja, quando o cérebro para de funcionar, o que é irreversível, e estes pacientes praticamente estão, quase sempre, na unidade intensiva. O que acontece é que, no momento em que acontece a morte encefálica, os demais órgãos continuam funcionando, possibilitando a doação.

“O que facilita esse diagnóstico de potencial doador é que aquele paciente, normalmente, nos dá alguns sinais de que está evoluindo para uma morte encefálica, então quando esta evolução é detectada a comissão já dá início aos protocolos para constatar se de fato há a parada do cérebro, tornando o paciente em potencial doador.

São realizados três exames para constatar a morte encefálica. Dois exames clínicos feitos por médicos diferentes, em que são testados os reflexos daquele paciente, reflexos que estão no protocolo. Na ausência destes reflexos nos dois exames, que são feitos com um intervalo de duas horas, a equipe entra em contato com a Unicamp avisando que há um potencial doador e precisamos do exame complementar. Eles vêm com a equipe e realizam ou o eletroencefalograma ou doppler transcraniano de carótida, que são os exames que confirmarão a morte encefálica e a potencialidade daquele paciente para a doação de órgãos.

Quando concluímos que houve a morte encefálica, nós chamamos a família, informamos sobre o falecimento do paciente, explicamos o que aconteceu, que é irreversível e que aquele paciente não sobreviveu. É neste momento que explicamos sobre a possibilidade da doação e que a família é quem tem que autorizar a doação”, conclui.

Adriel Arvolea: